A
necessidade de extirpar o analfabetismo no Brasil é o que vem sendo discutido
na educação desde a lei 9394/96 da LDBEN até os primórdios no novo plano
nacional da educação, erradicar o analfabetismo é a palavra que atrela a
educação ao desenvolvimento nacional, porém na prática está longe de se
acontecer, a gestão publica da educação tem inegavelmente frestas que não são
fáceis de serem vedadas.
Inúmeras
fontes nos permeiam com dados sobre a educação de jovens e adultos
mostrando-nos apesar da preocupação e atenção sobre o assunto contradizem com
os números conforme aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
que em 2009 ainda havia 14,1 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais no
país, o que correspondia a 9,7% da população nesta faixa etária. Mostram que
entre 2004 e 2009 a taxa de analfabetismo caiu 1,8 pontos percentuais.
“O
país, no período pós-LDBEN, apresentou também avanços significativos em alguns
indicadores educacionais, entretanto, chega ao século XXI ainda com importantes
déficits a serem superados. Em 2006, apesar do índice de analfabetismo ter
baixado 3,8% pontos percentuais em relação a 1996, o IBGE registrou a cifra de
14,4 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais no país. Ainda que os dados
mostrem que houve redução das taxas de analfabetismo em todas as regiões do
país, persiste, contudo, grande variação entre elas: o Nordeste, em pior
situação, com uma taxa de 20,7% em 2006; seguido pelo Norte (11,3%);
Centro-Oeste (8,3%); Sudeste (6,0%) e Sul (5,7%). Em termos absolutos, a região
Nordeste tem o maior número de analfabetos, chegando a 2006 com 7,6 milhões de
analfabetos com 15 anos ou mais, seguida pelo Sudeste (3,7 milhões), Sul (1,2
milhão), Norte (1,1 milhão) e Centro-Oeste (0,8 milhão).” “Documento Nacional
Preparatório à VI Conferência Internacional de Educação de Adultos VI
CONFINTEA, p14 e p15).
Os dados
nos faz repensar sobre quais são de fatos os números de alunos EJA que buscam,
aprendem e concluem o ensino fundamental? Além do atendimento não chegar a quem
de fato necessita o maior agravante é a queda de matrículas efetuadas nessa
modalidade. Por isso a necessidade de assegurar tempo e espaços flexíveis, eu
acredito no EAD seria uma forma de alfabetizar e manter o ensino EJA, onde os
alunos possam vir a ser editores da sua própria história, dentro do seu próprio
contexto.
Porque
as matriculas estão caindo, será que a demanda está indo de encontro às
necessidades desses alunos? Quais são as razões?
Compreendo
que ler e escrever são dificultosos, complicados, a aprendizagem envolve vários
fatores é importante aproximar o conteúdo ao contexto dos alunos EJA, para
tornar a aula instigante e necessária para o sujeito é preciso diferenciar a
alfabetização dos alunos EJA pelo ensino efetuado para as crianças, a
compreensão tem que ser estimulada, focada e articulada estrategicamente para
jovens e adultos.
Segundo
o Documento Nacional Preparatório a VI Conferência Internacional de Educação de
Adultos VI CONFINTEA
“Tempos e espaços na organização da EJA são
fundamentais para possibilitar que aprendizados escolares se façam. Para além
dos instituídos, cabe instituir tempos e espaços outros, de forma a atender a
diversidade de modos pelos quais jovens e adultos podem estar na escola, sem
acelerar/aligeirar processos de aprendizagem dos educandos, mas ampliando e
socializando saberes. São as necessidades da vida, desejos a realizar, metas a
cumprir que ditam as disposições desses sujeitos e, por isso, a importância de
organizar e assegurar tempos e espaços flexíveis, em todos os segmentos,
garantindo o direito à educação e aprendizagens ao longo da vida. As políticas
de EJA, dentre essas as de alfabetização, vêm disputando concepções sobre o que
é alfabetizar e garantir o direito à educação para jovens e adultos. A
perspectiva é de formar leitores e escritores autônomos, que dominem o código
lingüístico, mas que também sejam capazes de atribuir sentidos e recriar
histórias; de compreender criticamente sua realidade intervindo para
transformar (a práxis), pela escrita, sem prejuízo de outras formas de
expressão como imagens, o que vai além do que tem sido observado em muitas
práticas de alfabetização na EJA. O mundo contemporâneo exige o leitor de
diversos códigos, do múltiplo, do diverso, perspicaz na interpretação e com
capacidade de atribuir sentidos com toda a liberdade, para além da oralidade, campo
em que sujeitos jovens e adultos têm domínio.”
Acredito
que o currículo EJA tem que ser estimulador e assim aproximar cada vez mais o
sujeito de seu meio, do seu contexto, do seu dia a dia, é preciso dialogar com
a sociedade, com os professores reescrever os projetos políticos pedagógicos
para que possam sair do papel e que os jovens tenham consciência de que ir a
escola é muito mais que um diploma, que criem de fato ansejos e almejem
aprender, aprimorar seus conhecimentos, é preciso trabalhar sobre a ótica da
diversidade.
É preciso oportunizar situações que sejam
facilitadoras para manterem os alunos EJA nas escolas, como transportes,
alimentação, entre outros fatores que provocam o afastamento dos alunos das
salas de aulas.
“Reconhecer a intersetorialidade da EJA e
potencializá-la implica múltiplos desafios e requer parcerias e envolvimento no
processo educativo, com a integração de todas as esferas governamentais
(federal, estadual, municipal e distrital) e da sociedade civil, relacionadas
com o campo do trabalho, da saúde, do meio ambiente, da segurança pública, da
assistência social, das culturas da comunicação, entre outras.” Documento
Nacional Preparatório à VI Conferência Internacional de Educação de Adultos VI
CONFINTEA
Referências
Documento
Nacional Preparatório à VI Conferência Internacional de Educação de Adultos VI
CONFINTEA
http://www.espacoeducar.net/2011/06/o-desafio-educacao-de-jovens-e-adultos.html
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad)
O desafio da EJA nos dias atuais
Publicado em 27/09/2017
Autor: Rosilene H. Guilherme
Nenhum comentário:
Postar um comentário