sexta-feira, 27 de maio de 2022

 

- Porque Paulo Freire incomoda?


“QUANDO A EDUCAÇÃO NÃO É LIBERTADORA, O SONHO DO OPRIMIDO É SER O OPRESSOR” Paulo Freire

              


                


           
Imagens retiradas do site < https://br.pinterest.com/pin/566186984376104416/> e < https://pontodidatica.com.br/ideias-paulo-freire-educacao/> acesso em 27/5/2022. 19hs.

- Porque Paulo Freire incomoda?

No atual contexto sociopolítico brasileiro, vivenciamos uma série de retrocessos nas políticas sociais e públicas, especialmente na área da Educação, o que acaba por tornar previsível a percepção de que Paulo Freire incomoda. O filósofo educador pensa no educando enquanto um sujeito crítico e liberto, que se contrapõe a atual sociedade neoliberal, na qual os setores conservadores continuam tão reacionários quanto no período da ditadura.

Assim, essa rejeição compreende a não aceitação pela elite e grande parte da classe média brasileira da ascensão dos menos favorecidos como detentores de conhecimentos e sujeitos de direitos.

Ao tratar de seu exilio na época da ditadura, Paulo Freire em seus textos provocava o status quo com iniciativas sociais e de conscientização política para o povo, o que mais incomodava determinados setores da população. Ele afirma que, “contra toda a força do discurso fatalista neoliberal, pragmático e reacionário, insisto hoje, sem devaneios idealistas, na necessidade da conscientização” (Freire, 1996, p. 60).

O incômodo que ele provoca nos tempos atuais, nos faz repensar a história. Ele incomodou muito por pensar a educação popular. Na teoria da conscientização escreve sobre a liberdade de buscar o entendimento do ser humano na sua existência.  Paulo Freire compreende a finalidade da educação por meio da conscientização como a libertação da opressão e da injustiça.

Não é a conscientização que pode levar o povo a “fanatismos destrutivos”. Pelo contrário, a conscientização, que lhe possibilita inserir-se no processo histórico, como sujeito, evita os fanatismos e o inscreve na busca de sua afirmação. (PO, p, 32).

Paulo Freire pensa na educação, no ser social e no conhecimento como permanentes, isto é, como viver por meio de uma leitura critica e constante do mundo.  Sociointeracionista e Construtivista critico, o autor enfatiza no ensino e aprendizagem, no método de alfabetização de Jovens e Adultos, buscar o contexto do aluno de onde ele vive, na construção da sua própria história, na valorização da bagagem do aluno. Assim, Freire vai muito além do processo de alfabetização, articulando a educação à politicas públicas e também a movimentos sociais.

Desta maneira se faz necessário compreender a importância de que nós, enquanto professores, devemos ter a compreensão do nosso papel na educação, no ensino e na aprendizagem, para que possamos ofertar e contribuir para uma educação justa, plural, inclusiva, humanizada e igualitária a todos. Portanto há de se lutar pela equidade, e respeito às diferenças de trajetórias múltiplas e diversas, bem como pensarmos no fazer e no aprender, transformando os alunos em sujeitos críticos e construtores de conhecimento, visando o desenvolvimento social e politico dos seres humanos.

Deste modo, o educador problematizador refaz, constantemente, seu ato cognoscente, na cognoscitividade dos educandos. Estes, em lugar de serem recipientes dóceis de depósitos, são agora investigadores críticos, em diálogo com o educador, investigador crítico, também. (PO, p. 97).

Portanto é entendível o incomodo que Paulo Freire representa para essa sociedade atual neoliberal, para os elitistas, para os setores conservadores, eles estão perdendo os “serviçais”. Assim, é entristecedor saber que estamos vivendo um momento de ignorância funcional, de achismo, é mundial, o efeito “Dunning-Kruger: quanto menos uma pessoa sabe, mais ela acha que sabe”.  A ignorância é uma das maiores punição da humanidade. 

Carbinatto (2020) afirma que,

Quando não sabemos praticamente nada sobre algo, por outro lado, fica fácil cair na ilusão de que conhecemos muito sobre aquilo porque não nos deparamos com a complexidade real do assunto; só com versões simplificadas dele.

Destarte, a influência do Fake News interligados a falta de conhecimento da população e a velocidade da internet provoca um boom de desinformação, como consequência um retrocesso na educação e nos avanços de políticas públicas sociais do Brasil.

Para a ciência da nossa própria ignorância é preciso ter no mínimo um pouco de conhecimento sobre um assunto, sobre um tema, portanto fácil ser ludibriado. Espera-se que esse retrocesso repleto de preconceitos, de emburrecimento, seja interrompido no final desde ano, pois é estarrecedor quando escutamos falas como a do Ministro da Economia do governo federal atual, Paulo Guedes referente ao câmbio do dólar no governo anterior que “... empregada doméstica indo para a Disneylândia, era uma festa danada”.[1]

Resta problematizar qual o inconveniente de empregadas domésticas irem pra Disney? Realizar sonhos independe de classe social e se o valor do dólar estava mais baixo é sinal que estava possibilitando sonhos, e se for fato, é porque a situação econômica estava melhor. O pobre teve acesso à universidade, aos Institutos Federais, foram efetivadas politicas públicas, educacionais, inclusivas e sociais no governo do partido dos trabalhadores, tornando possíveis: Sonhos!  Somente comprova a teoria de Freire onde exprime que,  

“A liberdade do comércio não pode estar acima da liberdade do ser humano. A liberdade do comércio sem limite é licenciosidade do lucro. Vira privilégio de uns poucos que, em condições favoráveis, robustece seu poder contra os direitos de muitos, inclusive o direito de sobreviver.” (PA, p. 126)”.

Conclui-se portanto, que Paulo Freire está incomodando, corretíssimo e atual: É necessário conscientizar!

Referências bibliográficas

CARBINATTO; Bruno. < https://super.abril.com.br/comportamento/o-efeito-dunning-kruger-quanto-menos-uma-pessoa-sabe-mais-ela-acha-que-sabe/> 4 set 2020, 19h25. Acesso em 27/05/2022. 22h35. 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 66. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018. p32; p97.

FREIRE, Paulo. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa (34a ed.). São Paulo: Paz e Terra. p54; p60; p126.

Imagens retiradas do site < https://br.pinterest.com/pin/566186984376104416/> e < https://pontodidatica.com.br/ideias-paulo-freire-educacao/> Acesso em 27/5/2022. 19hs.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

“A comunicação humana possibilitando e influenciando a interação entre as pessoas.”

 “A comunicação humana possibilitando e influenciando a interação entre as pessoas.”

Eu tenho a compreensão do processo de comunicação humana enquanto uma forma de partilhar, ou seja, trata-se do ato de se expressar e fazer-se compreender. Assim há a possibilidade de tornar acessível mensagens de forma coesa, coerente, e por vezes, até incoerentes, que são absorvidas e percebidas pelo emissor e repassadas para o receptor, usando recursos como a linguagem e suas funções, os signos, gestos, línguas, danças, arte, desenhos, imagens, dentre outras ferramentas. 

A comunicação se dá também através da socialização, na qual os sujeitos interlocutores apropriam-se dos hábitos e da cultura que lhes são inerentes, por características advindas de seus grupos sociais, entendimentos e diálogos.  Destaco que para torná-la eficaz, isto é, com clareza, consistência e coesão de suas informações, é necessário que os interlocutores construam a comunicação usando recursos que desobstruam ruídos, e assim, possibilitando, influenciando e facilitando o exercício da interação entre os sujeitos. A caracterização da linguagem no processo de comunicação é dependente de vários fatores como o contexto psicossocial de seus interlocutores, ou seja, os sujeitos ativos e passivos da comunicação.

Destarte, a música “Mamãe no face” do cantor Zeca Baleiro nos remete enquanto seres comunicadores, a quebrar paradigmas relacionados a ler, ouvir e pensar sobre a letra, estando assim abertos a novas sonoridades, linguagens e palavras. Ressalto que não me sinto no direito de verberar a letra dessa música, pois o cantor “está na moda”, sendo assim, sua habilidade “mainstream” leva-me a crer que ele é um implacável e lúcido pensador da contemporaneidade.

Portanto, Zeca faz uso da nova linguagem, sendo por vezes coeso, coerente e incoerente, o que faz com que eu enquanto professora, e particularmente enquanto ser humano do século XXI, me sinta instigada a sair da minha “zona de conforto”, para que eu possa aprender, compreender, interpretar e entender essas novas formas de linguagem, e perceber que a compreensão e a comunicação se relacionam ao contexto no qual estão inseridas, bem como de seus sujeitos. É preciso abarcar sobre o que se fala, pra quem fala, a pessoa que fala e como se fala.

A comunicabilidade é um processo contínuo de aprendizagem, desinformação, informações, inter-relações sociais humanas, coletivas e individuais, que perduram durante toda a vida. Atualmente vivemos num momento de sua ressignificação, ligada à mudanças dos pontos de vista, influenciados pela comunicação nas novas mídias e tecnologias, que propagam o dessaber e novos saberes. Sendo assim, é necessário filtrar essa ampla gama de informações que surgem de forma instantânea, para a devida identificação da verdade e das Fakes News, pois o importante é usar bem e de forma útil a grande variedade de recursos para se comunicar. Afinal, já dizia o velho guerreiro: “Quem não se comunica, se trumbica!”

Rosilene H. Guilherme 12/02/2021



terça-feira, 2 de abril de 2019

Turistando pelos 28 bares por metro quadrado de Belo Horizonte


 Um pouco da história de Belo Horizonte, pelo meu olhar, por ser a cidade onde eu nasci e vivi por muitos anos, frequentando e usufruindo das melhores companhias e iguarias dos botecos.
O belo-horizontino já nasce frequentando os bares, na minha infância ia aos sábados na feira dos produtores no Bairro São Paulo, hoje pertence à Cidade Nova, e enquanto minha mãe fazia as compras eu ficava com meu pai tomando um refrigerante e comendo um tira-gosto, um pé de porco, um torresmo, um caldo de mocotó em um botequim bem próximo da feira. 
Bom deixando o saudosismo de lado, segue um pouco do que vivi e ouvi da história de Belo Horizonte (Beagá), pontos turísticos e seus botecos tradicionais.
De acordo com o Portal Online da Prefeitura
“A História de Belo Horizonte começa em 1701 com a fundação do Arraial Curral del Rei. Depois, quando tornou-se capital de Minas Gerais, passou a ser chamada Cidade de Minas, em 1897. Foi nomeada Belo Horizonte somente em 1901.”
Belo Horizonte possui uma quantidade exorbitante de botecos, Segundo Câmara (2014),
“Está na lei: Belo Horizonte é a capital mundial dos botecos. Assinada em junho de 2009 pelo prefeito Márcio Lacerda, a Lei 9.714 declarou BH como o centro dos botecos do mundo e definiu que o terceiro sábado do mês de maio é o dia municipal deles. E essa lei não nasceu por acaso – o fundamento é estatístico. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Belo Horizonte tem 12 mil botecos. Como a cidade tem 2.4 milhões de habitantes, isso significa que há um bar para cada 200 belo-horizontinos.”
Beagá, chamada assim carinhosamente por seus moradores, por ter um índice per-capita por bar muito alto também chamou a atenção do The New York Times, e tem uma matéria fantástica no ano de 2007 traduzindo Beagá em um artigo de título A Town where All the Word is a Bar “Uma cidade onde todo mundo é um bar”.
Conforme Kugel (2007)
“But Beagá, the city’s nickname (from the pronunciation of its initials in Portuguese), does have a claim to fame: as the bar capital of Brazil. Not bars as in slick hotel lounges or boozy meat markets, but bars as in botecos, informal sit-down spots where multiple generations socialize, drink beer and often have an informal meal. If you believe the local bluster, there are 12,000 bars in the city, more per capita than anywhere else in the country. Why, no one is completely sure, but one theory has turned into a popular saying: “Não tem mares, tem bares.” Loosely: “There are no seas, thus there are bars.”.
“Mas Beagá, o apelido da cidade (a partir da pronúncia de suas iniciais em português), tem uma reivindicação à fama: como a capital dos bares do Brasil. Não bares como em salões de hotel escorregadios ou mercados de carne embriagados, mas bares como em botecos, lugares informais onde várias gerações se socializam, bebem cerveja e geralmente fazem uma refeição informal. Se você acredita no tumulto local, existem 12 mil bares na cidade, mais per capita do que em qualquer outro lugar do país. Ora, ninguém está completamente certo, mas uma teoria se transformou em um ditado popular: “Não tem mares, tem bares”. De maneira frouxa: “Não há mares, portanto há bares”.
Belo Horizonte é uma jovem cidade com 122 anos reconhecidos. Tradicional, rodeada de montanhas e minério, tem pontos turísticos e bares como: a Rua do Amendoim em que carros desligados em vez de “descer”, “sobem”, a Praça do Papa, o parque e o mirante das Mangabeiras local de comer pipoca e maravilhar-se com a vista da grande Beagá, o parque Municipal, o Zoológico, a Lagoa da Pampulha, a Igrejinha de São Francisco e o Museu de arte da Pampulha (antigo Cassino) arquitetura do mestre Oscar Niemeyer, o Mineirão, o Mineirinho.
São 2 501 576 de habitantes, povo festivo, receptivo, muitos oriundos dos interiores das Minas Gerais, e de outros estados com sotaque e um linguajar peculiar, o mais mineirês possível, o belo-horizontino é um “bucadim” acolhedor, tradicionais nos costumes, afinal somos das montanhas das minas gerais, do ouro, do minério de ferro, temos fartura de riquezas naturais e uma eloquência culturalmente herdada e enraizada de luta pela liberdade.
Para os belorizontinos tudo são “trem” e trem é “coisa”, “eita” povo “bão dimais”, tem sempre, “um minutim”, um “tempim” para te mostrar onde fica a Avenida Afonso Pena, a Praça Sete, a rodoviária, o Palácio das Artes, o Mercado Central, a Praça da Estação, um cinema, um shopping, os parques, as cachoeiras, ou mesmo para uma prosa boa, é um povo de muita fé “Nossasinhora” faz “o nome do pai” na frente de qualquer igreja, vale a pena conferir a arquitetura da São José e da Nossa Senhora de Lourdes no Centro.  
Cidade “dus buteco”, dos 28 bares por metro quadrado, “Cremdeuspai” se você for a Beagá e não for “tomar uma em pé” no Mercado Central, comer um fígado ou chouriço acebolado com jiló no Bar da Lora, um caldo de mocotó no Nonô, uma cerveja estupidamente gelada com bolinho de feijão no Café Bahia e a companhia agradável do garçom mais Passarinho que não passará batido, tomar o caldo de cana acompanhado do pastel da Galeria Ouvidor, passear, fazer compras e deliciar-se com comidas típicas da feira de artesanato da Av. Afonso Pena.
Conhecer Beagá é saber a história do Clube da Esquina, do muro do Sacré-coeur, da Rua do Ramalhete, ir ao Condomínio do Edifício Arcangelo Malleta e sentar-se na tradicional Cantina do Lucas desde 1962, comer uma massa, um carpaccio, acompanhado de um bom vinho, local com uma importância histórica que na época da Ditadura os estudantes reuniam-se para eufóricos discursos, lugar estratégico, próximo a Vetusta que é palco de vários alunos notáveis, Juscelino Kubitschek, Guimarães Rosa, Tancredo Neves, Arthur Bernardes, entre outros, Universidade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a cantina teve como frequentadores os artistas do clube da esquina Milton Nascimento, Fernando Brant entre outros músicos intelectuais, artistas, poetas, bêbados, equilibristas. Nos dias atuais ainda permanece encantando e dando espaço para o fortalecimento do dialogo dos jovens que circulam pelos corredores de suas galerias, exasperados pelos discursos atuais que fazem alusão aos crimes cometidos nos tempos da ditadura, incendiados pelas falas e respaldo irresponsável de alguns governantes insanos, perturbadores, temerários, psicopatas, analfabetos funcionais da extrema-direita. Infelizmente o que deveria ser apenas relembrado como um ato histórico de barbárie e crueldade, contado e recontado apenas nos livros de histórias para que não se repitam, eclode da mais sórdida cloaca reacendendo um pavio do barril de pólvora. No site da Cantina encontra-se a frase: “Uma espécie de vulcão pujante das ideias”, só quem traduz a tez brilhante dos jovens verdadeiros “Dom-quixotes de Cervantes” que por ali perambulam em buscas de livros antigos nos sebos, pela cerveja gelada, um bom vinho, tira-gostos, um prato feito (PF), por uma boa prosa, compreende Minas desde os tempos dos heróis da luta pela inconfidência e conseguirá decifrar o significado de “Minha vida é subir Bahia e descer Floresta”.
Temos os bares da Savassi, tempos dourados casas que não existem mais Le galope, Cabaré Mineiro, Savassi Sinuca, Aloha ai que saudades. Stad Jever boteco alemão sofre mudanças sempre, porém, mantém-se resistente a todas as crises, localiza-se na primeira subida do tobogã da Avenida do Contorno, o melhor joelho de porco e hoje uma das melhores cervejarias artesanais. O alto da Afonso Pena com pizzarias e bares de muito requinte, tradição e a comida é de primeira qualidade. Albanos é um bar moderno, tem aperitivos, cervejas e grelhados.O bar do Sr. João (in memoriam) no bairro Santa Maria, reza a lenda que ele era pai de um cantor famoso que não vou citar o nome, mas que ficamos por vários anos na espreita para ver se o sujeito ia aparecer para uma visita, acho que nunca? Que eu saiba, se quiseres saber o nome eu falo em off. A linguiça e o ovo cor de rosa na vitrine do bar do Xexéu na lagoinha, a Língua de boi do bar do Careca na Cachoeirinha, os bares temáticos da moda e atual vou citar o Ursal em Santa Tereza.  E conversa vai, conversa vem, não tem melhor que varar a madrugada e ir comer um macarrão no Bolão do Bairro de Santa Tereza ou um pimentão recheado no Recanto Verde, as melhores opções e não se surpreenda, há possibilidades de deparar-se com o músico Samuel Rosa do Skank ou outros ídolos dando uma “canja” ou mesmo sentados, refestelados. Outra opção é o HIFI tradição do mexidão mineiro na madrugada, na Avenida Bias Fortes ao lado da Praça Raul Soares. Os Botequins dos Bairros Barro Preto, Prado, Coração Eucarístico e região possuem várias opções e uma delas é o bar do Caixote, cerveja estupidamente gelada, lembrando que em qualquer bairro e em qualquer esquina Beagá é bar, portanto eu torno a dizer: _ São 28 bares por metro quadrado!
Se passares por aqui e não perder um tempo ou perdesse no tempo por esses lugares turísticos e principalmente nos tradicionais bares, botecos, botequins e suas histórias, senão participar do alvoroço fugas de conversas intelectuais animadas às vezes por musica de todos os estilos, versos, risos e prosas em meio aos tilintares dos copos lagoinha que se esvaziam e enchem sem que se perceba entorpecendo os que por ali permanecem. Você não conheceu Beagá.
“È impossível saber onde todos os 12 mil botecos de BH se escondem e mesmo um morador da cidade pode se surpreender com um bar que estava logo ali, funcionando há anos, mas era desconhecido para ele.” (Câmara, RS, 10/03/2014 e 05/052018).





Rosilene Guilherme 31/03/2019
Referências

CÂMARA, RS Histórias e tradição nos bares de Belo Horizonte, https://www.360meridianos.com/dica/bares-de-belo-horizonte, 10/03/2014/Atualizado em 05/05/2018. Acesso em 31/03/2019 as 17:00hs.
KUGEL, S A Town where All the Word is a Bar, https://www.nytimes.com/2007/10/28/travel/28next.html?_r=0, 28,OUT,2007 acesso em 31/03/2019 as 17:30hs. https://www.thecities.com.br/Brasil/Minas-Gerais/Belo Horizonte/hist%C3%B3ria/1763/ Fonte: Portal Online da Prefeitura de Belo Horizonte. Portal Online do IBGE. Acesso em 31/03/2019 as 18:30hs.  http://www.cantinadolucas.com.br/

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Práticas escolares - O combate a desigualdade social através da educação



 “Precisamos repensar as práticas escolares nos dias atuais. Vivemos hoje em um mundo globalizado, a informação chega muito rápido, temos que rever e utilizar recursos que possam aguçar as crianças a emancipar, a pesquisar, através de atividades em grupo, de recursos simples, mais criativos, valermos do lúdico, o brincar contribui de forma significativa no desenvolvimento das habilidades, melhorarmos a qualidade da aula através de ferramentas como músicas, danças, jogos e recursos informatizados. 
O Brasil hoje está vivendo um momento de transformação e caminha a passos curtos, para minimizar estes índices de desigualdade é preciso acreditar e com muita “força de vontade” e muita disposição podemos fazer uma escola “melhor”, igualitária, investindo em e estruturas físicas sustentáveis, criando condições para que possamos de fato agregar no ensino e aprendizagem, na saúde e bem estar dos sujeitos da educação infantil e fundamental.
 É importante refletirmos também sobre o papel do professor e a sua importância na construção e reconstrução dos saberes e fazeres com as crianças que lhes são confiados, considerando a maturidade biológica e cognitiva de cada um e assim podermos desenvolver um trabalho individual e coletivo, um trabalho de cidadania e contribuirmos contra a desigualdade social, os professores combatem as desigualdades sociais, através de práticas eficazes que busquem uma aproximação da realidade dos alunos tornando possível  o direito a educação. A escola tem que ser justa e transformadora, usando o princípio constitucional de igualdade, sem formação de diferenciações em razão de sexo, convicções filosóficas ou políticas, religião, raça e classe social, temos que promover ações pensadas para o bem estar de todos contando com a participação e colaboração dos profissionais da escola, da comunidade e da família. Possibilitando aos alunos alicerce, suporte e condições para ser participativo, para que eles possam exercer o direito a ter direito, para que ele seja emancipado.”.
 
Rosilene H. Guilherme outubro 2018.- Pedagoga formada na UFES. 


quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Construção da Identidade




Construção da Identidade
Apesar de que no Brasil há a ilusão de uma democracia racial, onde todos somos iguais, a realidade está bem distante, fazendo com que exista uma tendência do ser humano em querer pertencer a uma cultura da qual ao longo de sua existência foi imposta por um grupo dominante e assim negar o que lhe é inerente. O negro em geral sente-se fora do padrão de beleza estimulado e estipulado por um grupo de pessoas brancas, desde a descoberta é inoculado “guela abaixo” a aculturação europeia nos povos indígenas brasileiros e africanos escravizados.    
A luta é constante, o racismo velado é "descarado", está enraizado na sociedade, na nossa cultura. É preciso falar mais, conhecer mais a cultura e história dos índios e negros do Brasil. A identidade existe, porém diversos condicionantes impedem o sujeito negro, índio de serem o que é e também de fazer parte da cultura do outro mesmo que eles insistam nesse “branqueamento”, nessa aculturação, isso faz com que índios e negros sejam “ninguém”, sem identidade.  É preciso compreender que o que define um povo é sua identidade, um conjunto de características que lhes são inerentes, e esse pertencimento, essa conformidade, se dá a partir do momento que me reconheço nos meus pares, que compreendo a que grupo eu pertenço.  
A cada nova política afirmativa temos um bloqueio reacionário, levantado por aqueles que não aceitam o outro. Mesmo que inconsciente é mais simples e aceitável pela sociedade se “naturalizar” a cultura do padrão estipulado pela mídia, pela sociedade do que se aceitar negro, índio.  Dentro desse contexto se faz necessário nós professores independentes de cor, raça, gênero buscarmos situações para que as crianças sintam-se pertencentes e valorizem a sua cor, o seu gênero, os seus, traçar politicas publicas e ações coletivas que busquem mudar o status quo de exclusão da sociedade de quem não faz parte desse padrão de beleza: branco, cabelo liso, olhos claros. O preconceito gera situações que são perceptíveis no dia a dia através do bulling, da negação dos sujeitos negros e indígenas das suas culturas e de suas histórias mesmo que inconsciente. Trabalhar a construção da identidade é imprescindível para que a diversidade torne-se o novo padrão e assim tonarmos uma sociedade mais justa, mais humana.
Rosilene Guilherme 29/08/2018

sábado, 23 de junho de 2018

Piúma entre versos e prosas

Piúma entre versos e prosas

A praia que era tão bela

Asfaltaram.

O mar veio e pegou de volta

Mesmo com tanta sequela

O mineiro que vem, não importa.

Cadê o mangue?

A restinga? Foi-se também

A responsabilidade?

 É de “ninguém”

Sem preocupação com a natureza

O lixo na areia da praia

Encobre a sua beleza.

Que saudade da minha infância

Que eu andava na praia sem ânsia

Brincava de bike, de pique,

Andava a pé, nadava no rio,

No mar, a cavalo e no caíque.

 Hoje somente lembranças

Do tempo que eu era criança

É triste ver menino crescer

 Nesse jeito novo de viver

Sem saber o que é caminhar

Até o monte Aghá.

 Senão começarmos a mudança

Vamos ter adultos sem herança

 Com ausência de infância

 Quanta discrepância.

O “turismo” e o “progresso” desenfreados

Destroem o que horas dantes foi sonhado

Geram graves consequências

Padecer por falta de consciência

Fazer o que?

Tanta ignorância, pra que? Por quê?

Sem chance, adeus praia, adeus mangue, haja sofrência, adeus restinga, que míngua!

 Ih! Estamos fritos!

A pé? Nunca mais até a ilha dos cabritos.

Rosilene H. Guilherme 17/06/2018

“Você acha que a gramática tem que apanhar todos os dias para saber quem é que manda?”


 

“Você acha que a gramática tem que apanhar todos os dias para saber quem é que manda?”

Talvez!

Talvez, por ignorância, por displicência, por apatia ao longo de um período da minha existência eu compreendi erroneamente que o correto fosse somente utilizar a gramática ao “pé da letra”, não percebendo que às vezes ela era obsoleta, ultrapassada, e desdenhando o que me era intrínseco passei a não ouvir, a não escutar a minha raiz, a minha “minerês”, fato que me deixou perder por um bom tempo o gume, a sensibilidade, ferindo uma parte da trajetória da minha carreira profissional, por diversas vezes vi-me criticando através de um olhar parvo para quem não obteve o mesmo conhecimento e aprendizagem educacional que eu. Não compreendia apesar de fazer parte do meu dia a dia, o falar diferente, os pecados gramaticais.  Talvez por achar que o aprender e conhecer uma língua com suas características, suas normas, me enriqueceria mais permitindo argumentos por vezes autoritários, fazendo-me proprietária da verdade, tornando-me ditadora da linguagem. O pior que para mim era imperceptível, apesar de não ser uma profissional em português, eu só enxergava a importância de comunicar através da gramática.    

 Nas Minas Gerais, nos bancos das escolas onde estudei, repassaram-me o português com todas as suas regras, a gramática correta, portanto falo “nóis”, mas escrevo, nós. Em casa desde criança o contato com os meus era uma linguagem diferenciada, entre “uaisacódieu, pertintremarréda, blusdifri, bão”¹ eu vivi, eu falava, mas não percebia o quão nossa linguagem era rica, distinta, o “minerês” é um dialeto. Como curiosidade é válido lembrar que existe uma versão que essa nossa oralidade, essa forma de falar do mineiro é do tempo dos inconfidentes para dificultar o entendimento dos espiões que eram contra a inconfidência mineira.     

Lamentavelmente o que percebo é que quanto mais adquirimos conhecimentos mais prepotentes e donos de um ego abastardo nos tornamos, quanto mais sabemos, mais menosprezamos os que acreditamos que menos saibam, os que não tiveram o mesmo patamar educacional tal qual ou maior que o nosso, sentindo-nos proprietários da linguagem, onde o que sei, não cabe mais aprender.

Compreendo que apesar da escola desapropriar-me do uso da linguagem que me pertencia, o estar letrado, o uso da gramatica, não me fez perder a essência que eu tive da comunicação com os meus pares e entes passados, através das músicas, dos sentimentos, das brincadeiras, das falas, das historias contadas muitas vezes ao relento em acampamentos na beira do rio, na fazenda, na beira do fogão a lenha. O legado, os valores deixados pelos meus pais, tios, avós é uma bagagem positiva na minha aprendizagem e na comunicação tendo como relevância o silêncio, o observar, o perceber, o absorver, o inculcar, o questionar e sei que todos esses parâmetros fizeram e fazem parte do meu crescimento enquanto sujeito social. O meu processo de empoderamento acentuou-se mais após ler, escrever e discutir nos encontros presenciais no Polo de Piúma da UAB/UFES, com os conteúdos das disciplinas do curso de Pedagogia, onde passei a compreender a diferença entre ser professor e ser instrutor, fato que me alçou a perceber o quão era importante a absorção, o entendimento de que a gramatica é uma forma de comunicação, não desdenhando sua importância, mas compreendendo que comunicar é variante, a partir desse insight² me remontei. E passei a ouvir mais, a perceber mais, a sensibilizar mais, a incluir mais, a emancipar mais.  

Acredito que a gramática é relevante em momentos oportunos, mas precisa apanhar de vez em quando, para saber que nós a criamos e temos o domínio, o controle, para intervir e interferir quando acharmos que há necessidade de mudanças, por evolução, quando ela tornar-se obsoleta, incomunicável.

¹Uai - Porque, como assim, hein. Cê – Você.  Acódieu - Me socorre. Pertim – pertinho. Trem - qualquer coisa menos o trem de ferro. Arréda - encosta ai , chega para lá por favor. Blusdifri - blusa de frio. Bão - tudo bom.

Insight ² clareza súbita na mente, no intelecto de um indivíduo; iluminação, estalo, luz.

 Rosilene H. Guilherme 23/06/2018

Referências

As referências são os quatro anos de leitura, discussões, aprendizagem do curso de Pedagogia, a minha família, meus pares, meu meio.   
FILHO, J.F.F. Linguagem V Capítulos I, II, III, IV, V, VI - (RE) visita aos conceitos basilares para uma maior compreensão do ensino da linguagem - Dissertação capítulo 6.
VERISSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: ______. Para gostar de ler; Luis Fernando Verissimo: o nariz e outras crônicas. 10 a. ed. v. 14. São Paulo: Ática, 2002. p. 77 e 78.