sexta-feira, 27 de maio de 2022

 

- Porque Paulo Freire incomoda?


“QUANDO A EDUCAÇÃO NÃO É LIBERTADORA, O SONHO DO OPRIMIDO É SER O OPRESSOR” Paulo Freire

              


                


           
Imagens retiradas do site < https://br.pinterest.com/pin/566186984376104416/> e < https://pontodidatica.com.br/ideias-paulo-freire-educacao/> acesso em 27/5/2022. 19hs.

- Porque Paulo Freire incomoda?

No atual contexto sociopolítico brasileiro, vivenciamos uma série de retrocessos nas políticas sociais e públicas, especialmente na área da Educação, o que acaba por tornar previsível a percepção de que Paulo Freire incomoda. O filósofo educador pensa no educando enquanto um sujeito crítico e liberto, que se contrapõe a atual sociedade neoliberal, na qual os setores conservadores continuam tão reacionários quanto no período da ditadura.

Assim, essa rejeição compreende a não aceitação pela elite e grande parte da classe média brasileira da ascensão dos menos favorecidos como detentores de conhecimentos e sujeitos de direitos.

Ao tratar de seu exilio na época da ditadura, Paulo Freire em seus textos provocava o status quo com iniciativas sociais e de conscientização política para o povo, o que mais incomodava determinados setores da população. Ele afirma que, “contra toda a força do discurso fatalista neoliberal, pragmático e reacionário, insisto hoje, sem devaneios idealistas, na necessidade da conscientização” (Freire, 1996, p. 60).

O incômodo que ele provoca nos tempos atuais, nos faz repensar a história. Ele incomodou muito por pensar a educação popular. Na teoria da conscientização escreve sobre a liberdade de buscar o entendimento do ser humano na sua existência.  Paulo Freire compreende a finalidade da educação por meio da conscientização como a libertação da opressão e da injustiça.

Não é a conscientização que pode levar o povo a “fanatismos destrutivos”. Pelo contrário, a conscientização, que lhe possibilita inserir-se no processo histórico, como sujeito, evita os fanatismos e o inscreve na busca de sua afirmação. (PO, p, 32).

Paulo Freire pensa na educação, no ser social e no conhecimento como permanentes, isto é, como viver por meio de uma leitura critica e constante do mundo.  Sociointeracionista e Construtivista critico, o autor enfatiza no ensino e aprendizagem, no método de alfabetização de Jovens e Adultos, buscar o contexto do aluno de onde ele vive, na construção da sua própria história, na valorização da bagagem do aluno. Assim, Freire vai muito além do processo de alfabetização, articulando a educação à politicas públicas e também a movimentos sociais.

Desta maneira se faz necessário compreender a importância de que nós, enquanto professores, devemos ter a compreensão do nosso papel na educação, no ensino e na aprendizagem, para que possamos ofertar e contribuir para uma educação justa, plural, inclusiva, humanizada e igualitária a todos. Portanto há de se lutar pela equidade, e respeito às diferenças de trajetórias múltiplas e diversas, bem como pensarmos no fazer e no aprender, transformando os alunos em sujeitos críticos e construtores de conhecimento, visando o desenvolvimento social e politico dos seres humanos.

Deste modo, o educador problematizador refaz, constantemente, seu ato cognoscente, na cognoscitividade dos educandos. Estes, em lugar de serem recipientes dóceis de depósitos, são agora investigadores críticos, em diálogo com o educador, investigador crítico, também. (PO, p. 97).

Portanto é entendível o incomodo que Paulo Freire representa para essa sociedade atual neoliberal, para os elitistas, para os setores conservadores, eles estão perdendo os “serviçais”. Assim, é entristecedor saber que estamos vivendo um momento de ignorância funcional, de achismo, é mundial, o efeito “Dunning-Kruger: quanto menos uma pessoa sabe, mais ela acha que sabe”.  A ignorância é uma das maiores punição da humanidade. 

Carbinatto (2020) afirma que,

Quando não sabemos praticamente nada sobre algo, por outro lado, fica fácil cair na ilusão de que conhecemos muito sobre aquilo porque não nos deparamos com a complexidade real do assunto; só com versões simplificadas dele.

Destarte, a influência do Fake News interligados a falta de conhecimento da população e a velocidade da internet provoca um boom de desinformação, como consequência um retrocesso na educação e nos avanços de políticas públicas sociais do Brasil.

Para a ciência da nossa própria ignorância é preciso ter no mínimo um pouco de conhecimento sobre um assunto, sobre um tema, portanto fácil ser ludibriado. Espera-se que esse retrocesso repleto de preconceitos, de emburrecimento, seja interrompido no final desde ano, pois é estarrecedor quando escutamos falas como a do Ministro da Economia do governo federal atual, Paulo Guedes referente ao câmbio do dólar no governo anterior que “... empregada doméstica indo para a Disneylândia, era uma festa danada”.[1]

Resta problematizar qual o inconveniente de empregadas domésticas irem pra Disney? Realizar sonhos independe de classe social e se o valor do dólar estava mais baixo é sinal que estava possibilitando sonhos, e se for fato, é porque a situação econômica estava melhor. O pobre teve acesso à universidade, aos Institutos Federais, foram efetivadas politicas públicas, educacionais, inclusivas e sociais no governo do partido dos trabalhadores, tornando possíveis: Sonhos!  Somente comprova a teoria de Freire onde exprime que,  

“A liberdade do comércio não pode estar acima da liberdade do ser humano. A liberdade do comércio sem limite é licenciosidade do lucro. Vira privilégio de uns poucos que, em condições favoráveis, robustece seu poder contra os direitos de muitos, inclusive o direito de sobreviver.” (PA, p. 126)”.

Conclui-se portanto, que Paulo Freire está incomodando, corretíssimo e atual: É necessário conscientizar!

Referências bibliográficas

CARBINATTO; Bruno. < https://super.abril.com.br/comportamento/o-efeito-dunning-kruger-quanto-menos-uma-pessoa-sabe-mais-ela-acha-que-sabe/> 4 set 2020, 19h25. Acesso em 27/05/2022. 22h35. 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 66. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018. p32; p97.

FREIRE, Paulo. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa (34a ed.). São Paulo: Paz e Terra. p54; p60; p126.

Imagens retiradas do site < https://br.pinterest.com/pin/566186984376104416/> e < https://pontodidatica.com.br/ideias-paulo-freire-educacao/> Acesso em 27/5/2022. 19hs.