- Porque Paulo Freire incomoda?
“QUANDO A EDUCAÇÃO NÃO É
LIBERTADORA, O SONHO DO OPRIMIDO É SER O OPRESSOR” Paulo Freire
Imagens retiradas do site < https://br.pinterest.com/pin/566186984376104416/> e < https://pontodidatica.com.br/ideias-paulo-freire-educacao/> acesso em 27/5/2022. 19hs.
-
Porque Paulo Freire incomoda?
No
atual contexto sociopolítico brasileiro, vivenciamos uma série de retrocessos nas
políticas sociais e públicas, especialmente na área da Educação, o que acaba
por tornar previsível a percepção de que Paulo Freire incomoda. O filósofo
educador pensa no educando enquanto um sujeito crítico e liberto, que se
contrapõe a atual sociedade neoliberal, na qual os setores conservadores
continuam tão reacionários quanto no período da ditadura.
Assim,
essa rejeição compreende a não aceitação pela elite e grande parte da classe
média brasileira da ascensão dos menos favorecidos como detentores de conhecimentos
e sujeitos de direitos.
Ao
tratar de seu exilio na época da ditadura, Paulo Freire em seus textos provocava
o status quo com iniciativas sociais e de conscientização política para
o povo, o que mais incomodava determinados setores da população. Ele afirma
que, “contra toda a força do discurso fatalista
neoliberal, pragmático e reacionário, insisto hoje, sem devaneios idealistas,
na necessidade da conscientização” (Freire, 1996, p. 60).
O
incômodo que ele provoca nos tempos atuais, nos faz repensar a história. Ele
incomodou muito por pensar a educação popular. Na teoria da conscientização
escreve sobre a liberdade de buscar o entendimento do ser humano na sua
existência. Paulo Freire compreende a
finalidade da educação por meio da conscientização como a libertação da opressão
e da injustiça.
Não
é a conscientização que pode levar o povo a “fanatismos destrutivos”. Pelo
contrário, a conscientização, que lhe possibilita inserir-se no processo
histórico, como sujeito, evita os fanatismos e o inscreve na busca de sua
afirmação. (PO, p, 32).
Paulo
Freire pensa na educação, no ser social e no conhecimento como permanentes,
isto é, como viver por meio de uma leitura critica e constante do mundo. Sociointeracionista e Construtivista critico,
o autor enfatiza no ensino e aprendizagem, no método de alfabetização de Jovens
e Adultos, buscar o contexto do aluno de onde ele vive, na construção da sua
própria história, na valorização da bagagem do aluno. Assim, Freire vai muito além
do processo de alfabetização, articulando a educação à politicas públicas e
também a movimentos sociais.
Desta
maneira se faz necessário compreender a importância de que nós, enquanto
professores, devemos ter a compreensão do nosso papel na educação, no ensino e
na aprendizagem, para que possamos ofertar e contribuir
para uma educação justa, plural, inclusiva, humanizada e igualitária a todos.
Portanto há de se lutar pela equidade, e respeito às diferenças de trajetórias
múltiplas e diversas, bem como pensarmos no fazer e no aprender, transformando
os alunos em sujeitos críticos e construtores de conhecimento, visando o
desenvolvimento social e politico dos seres humanos.
Deste
modo, o educador problematizador refaz, constantemente, seu ato cognoscente, na
cognoscitividade dos educandos. Estes, em lugar de serem recipientes dóceis de
depósitos, são agora investigadores críticos, em diálogo com o educador,
investigador crítico, também. (PO, p. 97).
Portanto
é entendível o incomodo que Paulo Freire representa para essa sociedade atual
neoliberal, para os elitistas, para os setores conservadores, eles estão
perdendo os “serviçais”. Assim, é entristecedor saber que estamos vivendo um
momento de ignorância funcional, de achismo, é mundial, o efeito “Dunning-Kruger: quanto menos uma pessoa
sabe, mais ela acha que sabe”. A
ignorância é uma das maiores punição da humanidade.
Carbinatto
(2020) afirma que,
Quando
não sabemos praticamente nada sobre algo, por outro lado, fica fácil cair na
ilusão de que conhecemos muito sobre aquilo porque não nos deparamos com a
complexidade real do assunto; só com versões simplificadas dele.
Destarte,
a influência do Fake News interligados
a falta de conhecimento da população e a velocidade da internet provoca um boom de desinformação, como consequência
um retrocesso na educação e nos avanços de políticas públicas sociais do
Brasil.
Para
a ciência da nossa própria ignorância é preciso ter no mínimo um pouco de
conhecimento sobre um assunto, sobre um tema, portanto fácil ser ludibriado. Espera-se
que esse retrocesso repleto de preconceitos, de emburrecimento, seja
interrompido no final desde ano, pois é estarrecedor quando escutamos falas
como a do Ministro da Economia do governo federal atual, Paulo Guedes referente
ao câmbio do dólar no governo anterior que “... empregada
doméstica indo para a Disneylândia, era uma festa danada”.[1]
Resta problematizar qual o inconveniente de empregadas
domésticas irem pra Disney? Realizar sonhos independe de classe social e se o
valor do dólar estava mais baixo é sinal que estava possibilitando sonhos, e se
for fato, é porque a situação econômica estava melhor. O pobre teve acesso à
universidade, aos Institutos Federais, foram efetivadas politicas públicas,
educacionais, inclusivas e sociais no governo do partido dos trabalhadores,
tornando possíveis: Sonhos! Somente
comprova a teoria de Freire onde exprime que,
“A
liberdade do comércio não pode estar acima da liberdade do ser humano. A
liberdade do comércio sem limite é licenciosidade do lucro. Vira privilégio de
uns poucos que, em condições favoráveis, robustece seu poder contra os direitos
de muitos, inclusive o direito de sobreviver.” (PA, p. 126)”.
Conclui-se
portanto, que Paulo Freire está incomodando, corretíssimo e atual: É necessário
conscientizar!
Referências bibliográficas
CARBINATTO;
Bruno. <
https://super.abril.com.br/comportamento/o-efeito-dunning-kruger-quanto-menos-uma-pessoa-sabe-mais-ela-acha-que-sabe/>
4 set 2020, 19h25. Acesso em
27/05/2022. 22h35.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 66. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2018. p32; p97.
FREIRE, Paulo. (1996). Pedagogia
da autonomia: saberes necessários à prática educativa (34a
ed.). São Paulo: Paz e Terra. p54; p60; p126.
Imagens retiradas do site < https://br.pinterest.com/pin/566186984376104416/> e <
https://pontodidatica.com.br/ideias-paulo-freire-educacao/> Acesso em
27/5/2022. 19hs.
[1] Retirado
do site < https://oglobo.globo.com/economia/guedes-diz-que-dolar-alto-bom-empregada-domestica-estava-indo-para-disney-uma-festa-danada-24245365>
acesso em 27/5/2022 as 19hs.