Um pouco da história
de Belo Horizonte, pelo meu olhar, por ser a cidade onde eu nasci e vivi por
muitos anos, frequentando e usufruindo das melhores companhias e iguarias dos
botecos.
O belo-horizontino já nasce frequentando os bares, na minha
infância ia aos sábados na feira dos produtores no Bairro São Paulo, hoje
pertence à Cidade Nova, e enquanto minha mãe fazia as compras eu ficava com meu
pai tomando um refrigerante e comendo um tira-gosto, um pé de porco, um
torresmo, um caldo de mocotó em um botequim bem próximo da feira.
Bom deixando o saudosismo de lado, segue um pouco do que
vivi e ouvi da história de Belo Horizonte (Beagá), pontos turísticos e seus
botecos tradicionais.
De acordo com o Portal Online da Prefeitura
“A
História de Belo Horizonte começa em 1701 com a fundação do Arraial Curral del
Rei. Depois, quando tornou-se capital de Minas Gerais, passou a ser chamada
Cidade de Minas, em 1897.
Foi nomeada Belo Horizonte somente em 1901.”
Belo Horizonte possui uma quantidade exorbitante de botecos,
Segundo Câmara (2014),
“Está na lei: Belo Horizonte é a capital
mundial dos botecos. Assinada em junho de 2009 pelo prefeito Márcio Lacerda,
a Lei 9.714 declarou BH
como o centro dos botecos do mundo e definiu que o terceiro sábado do mês de
maio é o dia municipal deles. E essa lei não nasceu por acaso – o fundamento é
estatístico. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Belo
Horizonte tem 12 mil botecos. Como a cidade tem 2.4 milhões de habitantes, isso
significa que há um bar para cada 200 belo-horizontinos.”
Beagá, chamada assim carinhosamente por seus moradores, por
ter um índice per-capita por bar muito alto também chamou a atenção do The New
York Times, e tem uma matéria fantástica no ano de 2007 traduzindo Beagá em um
artigo de título A Town where All the Word is a Bar “Uma cidade onde todo mundo
é um bar”.
Conforme Kugel (2007)
“But Beagá, the
city’s nickname (from the pronunciation of its initials in Portuguese), does
have a claim to fame: as the bar capital of Brazil. Not bars as in slick hotel
lounges or boozy meat markets, but bars as in botecos, informal sit-down spots
where multiple generations socialize, drink beer and often have an informal
meal. If you believe the local bluster, there are 12,000 bars in the city, more
per capita than anywhere else in the country. Why, no one is completely sure,
but one theory has turned into a popular saying: “Não tem mares, tem bares.”
Loosely: “There are no seas, thus there are bars.”.
“Mas Beagá, o
apelido da cidade (a partir da pronúncia de suas iniciais em português), tem
uma reivindicação à fama: como a capital dos bares do Brasil. Não bares
como em salões de hotel escorregadios ou mercados de carne embriagados, mas
bares como em botecos, lugares informais onde várias gerações se socializam,
bebem cerveja e geralmente fazem uma refeição informal. Se você acredita
no tumulto local, existem 12 mil bares na cidade, mais per capita do que em
qualquer outro lugar do país. Ora, ninguém está completamente certo, mas
uma teoria se transformou em um ditado popular: “Não tem mares, tem bares”. De
maneira frouxa: “Não há mares, portanto há bares”.
Belo Horizonte é uma jovem cidade com 122 anos reconhecidos.
Tradicional, rodeada de montanhas e minério, tem pontos turísticos e bares
como: a Rua do Amendoim em que carros desligados em vez de “descer”, “sobem”, a
Praça do Papa, o parque e o mirante das Mangabeiras local de comer pipoca e maravilhar-se
com a vista da grande Beagá, o parque Municipal, o Zoológico, a Lagoa da
Pampulha, a Igrejinha de São Francisco e o Museu de arte da Pampulha (antigo Cassino)
arquitetura do mestre Oscar Niemeyer, o Mineirão, o Mineirinho.
São 2 501 576 de habitantes, povo festivo, receptivo, muitos
oriundos dos interiores das Minas Gerais, e de outros estados com sotaque e um
linguajar peculiar, o mais mineirês possível, o belo-horizontino é um “bucadim”
acolhedor, tradicionais nos costumes, afinal somos das montanhas das minas
gerais, do ouro, do minério de ferro, temos fartura de riquezas naturais e uma
eloquência culturalmente herdada e enraizada de luta pela liberdade.
Para os belorizontinos tudo são “trem” e trem é “coisa”, “eita”
povo “bão dimais”, tem sempre, “um minutim”, um “tempim” para te mostrar onde
fica a Avenida Afonso Pena, a Praça Sete, a rodoviária, o Palácio das Artes, o
Mercado Central, a Praça da Estação, um cinema, um shopping, os parques, as
cachoeiras, ou mesmo para uma prosa boa, é um povo de muita fé “Nossasinhora”
faz “o nome do pai” na frente de qualquer igreja, vale a pena conferir a
arquitetura da São José e da Nossa Senhora de Lourdes no Centro.
Cidade “dus buteco”, dos 28 bares por metro quadrado, “Cremdeuspai”
se você for a Beagá e não for “tomar uma em pé” no Mercado Central, comer um
fígado ou chouriço acebolado com jiló no Bar da Lora, um caldo de mocotó no
Nonô, uma cerveja estupidamente gelada com bolinho de feijão no Café Bahia e a
companhia agradável do garçom mais Passarinho que não passará batido, tomar o
caldo de cana acompanhado do pastel da Galeria Ouvidor, passear, fazer compras
e deliciar-se com comidas típicas da feira de artesanato da Av. Afonso Pena.
Conhecer Beagá é saber a história do Clube da Esquina, do
muro do Sacré-coeur, da Rua do
Ramalhete, ir ao Condomínio do Edifício Arcangelo Malleta e sentar-se na
tradicional Cantina do Lucas desde 1962, comer uma massa, um carpaccio, acompanhado de um bom vinho, local
com uma importância histórica que na época da Ditadura os estudantes reuniam-se
para eufóricos discursos, lugar estratégico, próximo a Vetusta que é palco de
vários alunos notáveis, Juscelino Kubitschek, Guimarães Rosa, Tancredo Neves,
Arthur Bernardes, entre outros, Universidade de Direito da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), a cantina teve como frequentadores os artistas do clube
da esquina Milton Nascimento, Fernando Brant entre outros músicos intelectuais,
artistas, poetas, bêbados, equilibristas. Nos dias atuais ainda permanece
encantando e dando espaço para o fortalecimento do dialogo dos jovens que
circulam pelos corredores de suas galerias, exasperados pelos discursos atuais que
fazem alusão aos crimes cometidos nos tempos da ditadura, incendiados pelas
falas e respaldo irresponsável de alguns governantes insanos, perturbadores,
temerários, psicopatas, analfabetos funcionais da extrema-direita. Infelizmente
o que deveria ser apenas relembrado como um ato histórico de barbárie e
crueldade, contado e recontado apenas nos livros de histórias para que não se
repitam, eclode da mais sórdida cloaca reacendendo um pavio do barril de
pólvora. No site da Cantina encontra-se a frase: “Uma espécie de vulcão pujante
das ideias”, só quem traduz a tez brilhante dos jovens verdadeiros
“Dom-quixotes de Cervantes” que por ali perambulam em buscas de livros antigos
nos sebos, pela cerveja gelada, um bom vinho, tira-gostos, um prato feito (PF),
por uma boa prosa, compreende Minas desde os tempos dos heróis da luta pela
inconfidência e conseguirá decifrar o significado de “Minha vida é subir Bahia
e descer Floresta”.
Temos os bares da Savassi, tempos dourados casas que não
existem mais Le galope, Cabaré Mineiro, Savassi Sinuca, Aloha ai que saudades. Stad
Jever boteco alemão sofre mudanças sempre, porém, mantém-se resistente a todas
as crises, localiza-se na primeira subida do tobogã da Avenida do Contorno, o
melhor joelho de porco e hoje uma das melhores cervejarias artesanais. O alto
da Afonso Pena com pizzarias e bares de muito requinte, tradição e a comida é de
primeira qualidade. Albanos é um bar moderno, tem aperitivos, cervejas e grelhados.O bar do Sr. João (in memoriam) no bairro Santa Maria, reza a lenda que ele era pai de
um cantor famoso que não vou citar o nome, mas que ficamos por vários anos na
espreita para ver se o sujeito ia aparecer para uma visita, acho que nunca? Que
eu saiba, se quiseres saber o nome eu falo em off. A linguiça e o ovo cor de rosa na vitrine do bar do Xexéu na
lagoinha, a Língua de boi do bar do Careca na Cachoeirinha, os bares temáticos
da moda e atual vou citar o Ursal em Santa Tereza. E conversa vai, conversa vem, não tem melhor
que varar a madrugada e ir comer um macarrão no Bolão do Bairro de Santa Tereza
ou um pimentão recheado no Recanto Verde, as melhores opções e não se surpreenda,
há possibilidades de deparar-se com o músico Samuel Rosa do Skank ou outros
ídolos dando uma “canja” ou mesmo sentados, refestelados. Outra opção é o HIFI
tradição do mexidão mineiro na madrugada, na Avenida Bias Fortes ao lado da
Praça Raul Soares. Os Botequins dos Bairros Barro Preto, Prado, Coração Eucarístico
e região possuem várias opções e uma delas é o bar do Caixote, cerveja estupidamente
gelada, lembrando que em qualquer bairro e em qualquer esquina Beagá é bar, portanto
eu torno a dizer: _ São 28 bares por metro quadrado!
Se passares por aqui e não perder um tempo ou perdesse no
tempo por esses lugares turísticos e principalmente nos tradicionais bares, botecos,
botequins e suas histórias, senão participar do alvoroço fugas de conversas
intelectuais animadas às vezes por musica de todos os estilos, versos, risos e
prosas em meio aos tilintares dos copos lagoinha que se esvaziam e enchem sem
que se perceba entorpecendo os que por ali permanecem. Você não conheceu Beagá.
“È impossível saber onde todos os 12 mil
botecos de BH se escondem e mesmo um morador da cidade pode se surpreender com
um bar que estava logo ali, funcionando há anos, mas era desconhecido para ele.”
(Câmara, RS, 10/03/2014 e 05/052018).
Rosilene Guilherme 31/03/2019
Referências
CÂMARA, RS Histórias
e tradição nos bares de Belo Horizonte, https://www.360meridianos.com/dica/bares-de-belo-horizonte,
10/03/2014/Atualizado em 05/05/2018. Acesso em 31/03/2019 as 17:00hs.
KUGEL,
S A Town
where All the Word is a Bar, https://www.nytimes.com/2007/10/28/travel/28next.html?_r=0,
28,OUT,2007 acesso em 31/03/2019 as 17:30hs. https://www.thecities.com.br/Brasil/Minas-Gerais/Belo
Horizonte/hist%C3%B3ria/1763/
Fonte: Portal Online da Prefeitura de Belo Horizonte. Portal Online do IBGE.
Acesso em 31/03/2019 as 18:30hs. http://www.cantinadolucas.com.br/