Construção da Identidade
Apesar de que no Brasil há a ilusão de uma democracia racial, onde todos
somos iguais, a realidade está bem distante, fazendo com que exista uma
tendência do ser humano em querer pertencer a uma cultura da qual ao longo de
sua existência foi imposta por um grupo dominante e assim negar o que lhe é
inerente. O negro em geral sente-se fora do padrão de beleza estimulado e
estipulado por um grupo de pessoas brancas, desde a descoberta é inoculado “guela
abaixo” a aculturação europeia nos povos indígenas brasileiros e africanos
escravizados.
A luta é constante, o racismo velado é "descarado", está enraizado
na sociedade, na nossa cultura. É preciso falar mais, conhecer mais a cultura e
história dos índios e negros do Brasil. A identidade existe, porém diversos
condicionantes impedem o sujeito negro, índio de serem o que é e também de
fazer parte da cultura do outro mesmo que eles insistam nesse “branqueamento”,
nessa aculturação, isso faz com que índios e negros sejam “ninguém”, sem
identidade. É preciso compreender que o
que define um povo é sua identidade, um conjunto de características que lhes
são inerentes, e esse pertencimento, essa conformidade, se dá a partir do
momento que me reconheço nos meus pares, que compreendo a que grupo eu
pertenço.
A cada nova política
afirmativa temos um bloqueio reacionário, levantado por aqueles que não aceitam
o outro. Mesmo que inconsciente é
mais simples e aceitável pela sociedade se “naturalizar” a cultura do padrão
estipulado pela mídia, pela sociedade do que se aceitar negro, índio. Dentro desse contexto se faz necessário nós
professores independentes de cor, raça, gênero buscarmos situações para que as
crianças sintam-se pertencentes e valorizem a sua cor, o seu gênero, os seus,
traçar politicas publicas e ações coletivas que busquem mudar o status quo de
exclusão da sociedade de quem não faz parte desse padrão de beleza: branco,
cabelo liso, olhos claros. O preconceito gera situações que são perceptíveis no
dia a dia através do bulling, da negação dos sujeitos negros e indígenas das
suas culturas e de suas histórias mesmo que inconsciente. Trabalhar a
construção da identidade é imprescindível para que a diversidade torne-se o
novo padrão e assim tonarmos uma sociedade mais justa, mais humana.
Rosilene Guilherme 29/08/2018